sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Eu Vou Lembrar

Eu vou lembrar de quando eu andei por essas ruas e chorei. Eu vou lembrar de quando eu te abracei naquela esquina e olhei nos seus olhos na avenida. Nunca vou me esquecer de correr pela calçada com as lágrimas caindo de meu queixo e se misturando às gotas de chuva dessa cidade morta. Mas também quero lembrar dos dias de sol, que eu andei de bicicleta no parque e vi as cores das flores, vi mulheres dançando, vi homens correndo, vi gente vivendo e eu não.
Eu vou lembrar.
Mas vou tentar esquecer.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carta de Amor

Foi um dia desses, enquanto conversava com alguns amigos. Todos falavam de paixões tórridas, romances de verão, aventuras amorosas com direito a ramalhete de flores e declarações de pessoas ajoelhadas. Eu apenas olhava.
Eu ficava só escutando os relatos das pessoas apaixonadas, que diziam sentir borboletas na barriga e o cheiro da pessoa amada no travesseiro. Em alguns discursos mais intimistas eu até escutei gente descrevendo o gosto do beijo de seu amor. Eu só escutava.
Porque eu nunca escrevi uma carta de amor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Maria VI

Ah, Maria e suas mãos de jazz. Maria tão linda enquanto dança, rodando aqueles caichinhos ruivos. Dançava muito lindamente essa Maria, batia os joelhos sem perder o compasso do saxofone. Maria tambpem cantarolava baixinho a canção, talvez esse seja o segredo para o seu ritmo. Maria era hábil, dançava sem parar, fazendo arabescos e desenhos com a barra de sua saia. Maria era o que as pessoas chamam de pé-de-valsa. Uma pena.
Porque Maria dançava.
Sozinha.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ela era ela

Ela era única. Ninguém tinha os mesmos cabelos loiros, ninguém dizia as mesmas palavras, ninguém carregava tanto a maquiagem preta nos olhos e ninguém usava roupas iguais as dela. Ela era ela. Nada de rosa, só preto por favor.

Ela bebia vodka pura e odiava cerveja. Seu whisky era doze anos e não tinha nada que pudesse amenizar o ardor do álcool na garganta.

Seus pais também eram únicos, ninguém gritava como eles quando viam a filha chegar às 6 da manhã.

Menina única, sonhos únicos, caminhos vários.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Poesia

Era muita poesia. Era muito sentimento. Muito irreal.
Aquelas palavras encharcadas de lágrimas não podiam ser minhas. Só depois que se toma uma distância saudável e olha é que se pode ver o quanto você chorou e o quanto saiu machucado. Mas não eu.
Nada daquilo aconteceu. Era tudo um pesadelo.
Durma em paz agora, criança.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Maria V

Maria estava acabada. Maria não passava de um vômito de brilho, roupas de grife e laquê no chão daquele lugar imundo. Maria não tinha mais sonhos nem esperanças. Não havia como. Maria só se deu conta do quanto havia chorado depois que viu as manchas de rímel que formavam trilhas de lágrimas em seu rosto refletido no espelho. Maria tinha chorado muito. De alguma maneira Maria ainda dançava, balançando para lá e para cá as rendas do vestido. Mas haviam marcas, há como haviam. Muitas delas.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Rá!

Você é uma piada. Não das mais engraçadas, eu ousaria dizer. Porque eu não ri quando encontrei seu café ainda quente em cima da mesa, abandonado. Também não ri quando acordei de manhã e vi seu lado da cama vazio. Não estava rindo quando fiquei deseperado esperando você chegar de noite, e você nunca chegou.
Mas sim eu ri quando li o bilhete que você me escreveu alguns anos atrás, nele dizia "eu te amo"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não É

o que você fala, e sim como você fala. Porque até mesmo um 'eu te amo', se dito de forma errada, pode machucar.

domingo, 5 de setembro de 2010

Não Sei

É engraçado, que eu te amava tanto e agora eu apenas não consigo ver a beleza debaixo de tudo isso. E eu finalmente me pergunto por que eu continuo escrevendo poemas sobre você, eu não tenho a resposta, mas eu acho que os poemas foram só a maneira que eu encontrei de continuar pensando em você sem sofrer, porque todos os meus poemas são sobre o jeito que eu te amava, e não sobre toda essa merda que você virou.

Não Vou Mais Sorrir Para Você

Você adora me colocar como o vilão da história, não? Mas porque então você não olha para os seus próprios erros e talvez, só talvez, você perceba o motivo de estarmos nessa merda que a gente vive agora? Porque se você olhar bem, você vai descobrir porque eu recuso seus convites, não retorno suas mensagens e não sorrio pra você. Você vai saber o porquê, e não é porque eu não goste de você ou alguma coisa do gênero.Não.
Eu não retorno suas ligações porque você me magoou como ninguém antes o fez, eu já desisti de tentar ser feliz ao seu lado, de sorrir pra você. Porque tudo o que você fez durante esses 15 anos foi sorrir pra mim, enquanto eu contava do meu dia pra você tudo o que você fazia era sorrir, mas eram sorrisos vazios, nada que transmitisse calor ou o amor que você agora alega que tanto sente por mim, não, você apenas sorria. Pois agora EU que desisti de sorrir para você, porque EU não consigo sorrir sem significado algum. E não venha me dizer que eu não ligo para você, porque eu tentei, e cada vez que eu tentei mais eu me machuquei, agora eu desisti. Não vou mais sorrir para você.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Chorando

Eu não sabia porque eu estava chorando, só sei que chorava. Muito. Eu agarrava seu pescoço como se fosse a única coisa que podia me manter na terra naquele momento. Podia sentir o gosto das minhas lágrimas salgadas na sua pele, eu não queria, não podia.
Eu deveria estar feliz, não deveria? Porque eu chorava eu não sei, só sei que chorava.
Não sangrava, não doía, não havia nada, só lágrimas. Muitas delas.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

EleEla

Ele não sabia o queria, ela sabia que o queria. Ele a viu rebolar ao som de Bete Balanço, ela o viu sorrir. Ele queria um abraço, ela queria uma transa. Ele era inocente, ela era uma vadia. Ele usava jeans e ela uma meia de renda. Ele bebia suco, ela vomitava vodka. Ele tirava dez, ela envergonhava seus pais. Ele disse 'eu te amo' ela disse 'eu também'.

Medo

Medo de sair, medo de curtir. Medo de se decidir, medo de ser feliz. Medo de se expor, medo de estar desprotegido. Medo de beber e vomitar, medo de amar. Medo de perder, medo de ganhar, medo de dar empate. Medo da decisão, medo do resultado, medo das consequências.
Do que você tem medo?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Voltando

Eu estou voltando. Quero voltar pra sorrir, pra cantar, pra chorar. Quero voltar pra ser o que eu nasci para ser e para ser feliz. To voltando pra sentir de novo as ondas do mar, voltando pra te abraçar, voltando pra conversar sobre o que aconteceu nos anos que eu estive fora. Vou voltar pra você, vou voltar pra todo mundo, vou voltar pro meu lugar, vou voltar pra mim.

sábado, 21 de agosto de 2010

Conversas II

- Eu acho que você precisa se virar com oque você tem!
- Seja Maria. Voa por aí.
- Mas voar sozinho não tem graça
- Mas voar sozinho te permite conhecer coisas novas. Voar sozinho te faz ser livre. Anda menino, bebe o mundo!
- O mundo já é meu, eu só não sei o que fazer com ele

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Maria IV

Maria vagabunda, Maria moribunda. Maria sapatão, Maria do peitão. Maria simplesmente não entendia porque hoje em dia todo mundo tem que ser um. Maria não entendia porque as pessoas rotalavam-se umas às outras. Maria não gostava de rótulos, Maria não podia ser uma de cada vez. Maria não podia ser apenas uma Maria, tinha que ser todas. Maria era tudo ao mesmo tempo. Maria às vezes era vagabunda, Maria às vezes se sentia moribunda, Maria podia ser sapatão e Maria tinha dias que tinha peitão. Maria queria ser tudo. Maria queria ser tudo e mais um pouco.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Alice

"Vamos, não adianta nada chorar assim!" disse Alice para si mesma, num tom um tanto áspero, "eu a aconselho a parar já!" Em geral dava conselhos muito bons para si mesma (embora raramente os seguisse), repreendendo-se de vez em quando tão severamente que ficava com lágrimas nos olhos; certa vez teve a ideia de esbofetear as próprias orelhas por ter trapaceado em um jogo de croqué que estava jogando contra si mesma, pois essa curiosa criança gostava muito de fingir ser duas pessoas. "Mas agora",pensou a pobre Alice, "não adianta nada fingir ser duas pessoas! Ora, mal sobra alguma coisa de mim para fazer uma pessoa apresentável!"

Lewis Carrol

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Maria III

Maria queria tudo, Maria queria o mundo. Maria queria, mas não podia. Maria queria colocar suas lantejoulas em uma sacola e espalhar seu brilho por aí.
Maria queria cortar seu cabelo chanel e dançar estalando seus tamancos nas ruas de Paris.
Maria queria se drogar em Amsterdã e ser encontrada dias depois em alguma rua perdida de Londres.
Maria não pertencia ao mundo, o mundo pertencia à Maria.

domingo, 8 de agosto de 2010

Não

Era como se um dia ele tivesse me dito que o mundo era meu e eu podia fazer o que me desse na telha com ele, mas no dia seguinte ele me disesse que eu não podia suportar o peso do mundo.

De Onde Vem

Meu pai pode não ser a inspiração para meus textos, mas é uma inspiração para mim, para minha vida. Talvez ele até seja a Maria, porque foi ele quem me ensinou que você deve fazer o que for preciso para alcançar os seus sonhos e que o mundo pode ser seu se você quiser. Por isso obrigado pai, que ensinou Maria que ela não pertencia ao mundo, o mundo pertencia à Maria.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Maria II

Maria estava indignada. Maria estava fula da vida. Maria não queria aquele lugar, Maria não pertencia ali. Maria chorou, esperneou e gritou. Maria queimou o sutiã e dançou sobre o que restou. Mas Maria não precisava pertencer a lugar algum. Maria não precisava se encaixar. Maria podia pertencer à Maria e só.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quero

Desisti de rótulos e títulos. Eu não sou algo ou alguém só proque me intitualaram como tal. Eu vou fazer o que eu quero porque eu quero, não porque eu posso fazer isso e está dentro do meu rótulo. Eu não sou de nada nem ninguém, eu não quero saber. Eu vou fazer. Fazer porque quero, porque amo, porque sinto que devo. Vou fazer porque eu quero e ponto.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Conversas

- Quero tudo. Quero o mundo
- BEBE O MUNDO MENINO
- Mas eu não tenho dinheiro pra pagar pelo mundo

Maria

De nome tão sem graça a menina ruiva teve que se fazer perceber. Maria não podia ser detida, Maria fazia o que queria. Maria dançava no meio fio sob o poste da avenida. Maria ria e cantava sentada no banco gasto da praça. Maria ia rasgando sua meia arrastão enquanto entoava um mantra. Maria se vestia com paetês e passava brilho nos lábios. Maria acordava e do jeito que estava colocava uma música pra tocar. Maria amava, Maria odiava, Maria sorria, Maria chorava. Maria era Maria e mais ninguém.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Eu

Eu entrei vacilante naquele cômodo mal iluminado e me sentei no sofá. Olhei para meus jeans rasgados, os braços escritos, os tênis coloridos e a armação preta dos meus óculos. Nada me fazia lembrar de onde eu vim, do que eu fui. Nada me fazia lembrar do lugar no qual eu vivo, o que lugar que eu tenho que suportar. Ao olhar o cabelo desgrenhado, as roupas desalinhadas e os tênis surrados eu só conseguia lembrar de uma coisa. De mim.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Meu Limite

Meu limite sempre foi tudo que os outros me impunham, todas as regras, leis, tudo isso formava a linha sobre a qual eu nunca passava. Mas nunca me contentei com limites, e aqui vou colocar tudo que está além do meu limite, tudo aquilo que sobra, tudo aquilo que sou eu.