terça-feira, 25 de outubro de 2011

De Nós Dois

foi quando eu vi nosso sangue escorrer
o nó no seu peito
o aperto no meu coração

foi quando eu te abracei
foi quando eu chorei
por uma história que não é minha

foi quando eu escrevi
versos que não eram pra mim
que não curavam as minhas feridas

mas que seriam afagos no teu ombro
pra tentar consertar um coração que não é meu
mas pra estancar um sangramento que é de dois

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sem

tem coisas que não conseguimos colocar em palavras. tem sentimentos que apenas versos já feitos, palavras escritas por terceiros ou até mesmo os piores clichês conseguem traduzir.
tem pessoas que nos machucam tanto que nos tiram a fala. que de tanto tirar não nos deixam mais nada pra dizer. nos deixam secos por dentro e largam para trás o mesmo sorriso empoeirado de sempre.
e vão embora nos deixando assim, vazios dentro e fora, sem nada pra dizer, sem nada pra escrever, sem palavras e sem pontos finais

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Menina do Morro

A pele negra marcada pelo sol
O sorriso carregado da alegria da alma
Muito não sorrira ultimamente
Motivos ainda procurava

Queria sair do morro
Mas nunca lá do alto
Lá no alto ela pertencia
Sua alma ali já estivera
Meu coração também
Ali com ela no morro habitava.

Apesar de nunca tela abraçado comigo eu a carregava.
Dentro de mim em um abraço apertado
Em um abraço que só duas almas podem dar

Quase irmã era pra mim a menina do morro
E um dia com ela eu me juntaria
Lá no alto
Talvez não no morro
Mas bem lá no alto
Onde ambos pertencemos

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Faca

me disseram que amar é entregar uma arma à alguém e esperar que ela não puxe o gatilho.
achando que de algo iria ajudar, troquei a arma por uma faca, e, levianamente, te entreguei, esperando que se algum dia você quisesse puxar o gatilho, não haveria um e eu estaria seguro.
mas na minha inocência não atinei que a faca causa mais dor que a arma, já que esta, quando acionada, é rápida e indolor. já a faca simplesmente machuca, nunca termina o que começa, abrindo cortes doloridos e que demoram a cicatrizar.
na ausência do gatilho, você abriu fundos talhos, que deixou sangrando. algum prazer você deve ter, de olhar o sangue escorrer e saber que ele é seu. de me deixar aqui, ao seu lado, mas nunca completamente. sempre sangrando.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Déjà Vu

eu já senti esse toque, já olhei pra esses olhos. você já me fez as mesmas promessas e já me disse tudo isso. e eu ainda gosto de ouvir. ainda gosto de sentir. ainda quero você perto de mim.
mesmo que me machuque, mesmo que me cure, mesmo que você me queira, mesmo que me odeie, eu sempre vou querer.
os mesmos erros, as mesmas palavras, as mesmas duas pessoas, sempre diferente, mas sempre nós dois.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quebrado

eu gosto das pessoas danificadas. aquelas que você tenta concertar em vão, aquelas que você vê com pena e abraça com carinho.

pessoas danificadas são perigosas, porque elas sabem que podem sobreviver.

e essas pessoas são as que menos precisam de concerto.

são seus defeitos que me encantam, uma superfície lisa não tem espaço para nada novo, e a normalidade em si é o pior defeito de todos.

não há beleza no normal, no corriqueiro.

há beleza nas rachaduras, nos cacos, no pedaços soltos.

eu nunca quis te consertar, eu não vou, porque são dos seus defeitos que eu gosto. são os seus cacos que eu quero guardar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Anna

Menina do cabelo dourado snetada na praia. O vento bagunça seus cabelos, levanta sua saia. Menina do amor, menina bonita. Uma cachorra na cesta de vime e um homem ao seu lado.
Oh doce Anna, com dois enes, não um, não três. Dois.
Dois enes. Um coração. Bem grande por sinal. Onde cabem mais do que dois enes. Cabem cem amores, um cachorro e algumas palavras.
Palavras bonitas, palavras azedas, palavras estranhas. Palavras sobre Anna.


Feliz aniversário, irmã.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Rumo

Sentado naquela praia a água gelada molhava meus pés. Eu não sabia o que estava fazendo na praia. Eu nunca gostei de praia, nem mesmo quando as temperaturas de verão chegavam ao seu máximo eu fazia como os outros e corria para a beira do mar. Não, eu preferia me esconder em casa, debaixo de um ventilador com um bom livro na mão. Mas ali eu estava perdido. E era sobre essa falta de rumo que ali eu me pus a pensar.
Talvez eu tivesse me guiado inconscientemente até aquele pedaço de areia para pensar, para tentar organizar as idéias, para tentar entrar de novo nos trilhos que há muito eu havia deixado para trás. Aquilo não podia durar mais. Coisas horríveis podem acontecer quando você se perde dentro de você mesmo, quando você perde o controle, quando você se sente impotente ao tentar barrar as lágrimas que insistem em vir mas falha miseravelmente. É perigoso perder-se dentro de si mesmo, precisamos ao menos de uma luz, um fio, uma trilha de migalhas de pão que seja, para nos guiar. Precisamos de algo que nos lembre do que somos, do que passamos, porque são essas as coisas que criam a base para decidirmos aonde vamos.
Por isso ali naquela praia, sem ainda saber o porque de estar em uma praia, comecei a pensar sobre quem eu era, sobre o que tinha me levado até ali e pra onde eu iria depois.
Pensei em todas as pessoas que abracei, as poucas que beijei e as muitas para as quais eu sorri. Lembrei das lágrimas que chorei também, porque quem seríamos nós sem as lutas perdidas. Pequenos fragmentos que me ajudaram a lembrar de quem eu sou.
Entendida essa primeira parte eu me levantei. Porque tive a certeza de que quando se sabe quem você é, onde você está não importa, seja uma praia, um campo, uma cidade. Você terá sempre o seu lugar, você terá sempre a si mesmo. Porque uma vez que você se encontra e se afirma, você sempre terá um lar, um conforto, um lugar para onde voltar.
Mesmo ainda não entendendo muito bem porque estava em uma praia e sem mesmo saber como cheguei ali, eu me coloquei de pé e fui embora, tendo a certeza que qualquer que fosse o lugar para o qual eu estivesse indo, eu sempre teria um lugar para o qual voltar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Afaste-se

não chegue mais perto, eu não vou te fazer bem. eu posso te destruir. não quero passar dos limites da sua fragilidade, tirar sua inocência. eu sou muito mais do que você vê, não tão simples, não tão bom.
volte pra onde você estava, vai ser melhor.
se eu te quero perto de mim? sim.
mas eu quero você bem. quero você inteira. não quero você machucada por mim. quebrada em pedaços. quero tua flor inteira, não quero só as pétalas.
feche os olhos.
volte a dormir.
meus fantasmas não vão te pegar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Egoísmo

Algumas vezes eu acho que é um pouco de egoísmo eu me apaixonar por alguém. Porque, vamos encarar os fatos, eu não sou a pessoa mais simples de lidar do mundo, a pobre pessoa pela qual eu me apaixonei poderia se apaixonar por alguém muito melhor, alguém simples, que ela não vai precisar adivinhar.
Mas eu mesmo assim vou lá e, estupidamente, começo a sentir os mais supracitados sintomas de todos, aquele coração que não pára de bater, aquele nó na garganta quando você olha pra pessoa e ela não sabe o que você sente e todos esses clichês. Não é à toa que eu odeio clichês, principalmente os acima citados.
Mas eu não consigo viver sem amor, pode ser egoísmo, mas eu preciso dessa pessoa, que eu sei que poderia estar bem melhor, mas que eu gosto que esteja comigo. Que segure a MINHA mão, que ME abrace e que diga que ME ama.
Mesmo que algumas vezes eu olhe pra ela e quero deixá-la ir, mas não consigo, porque eu sou egoísta e covarde demais pra deixá-la ir embora. Porque eu não consigo viver sem ela.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um Fim

Finalmente chegamos a um fim. É claro que eu vou ter as minhas cicatrizes. Mas sabe qual é a coisa boa sobre cicatrizes? Elas são feridas que já se fecharam, que não sangram mais. Agora passou, tudo o que já tinha pra falar eu falei e tudo que eu tinha que escrever eu escrevi.
E você quer saber por que eu escrevi tanto? Porque as feridas cicatrizam mais rápido se eu deixar elas sangrarem no papel, te transformar em literatura me ajuda a te esquecer e a curar mais rápido.
Mas eu queria te agradecer, por você ter sentado do meu lado aquele dia, por ter me feito saber como é sentir seu pulso aumentar quando vê alguém, por ter me feito conhecer o céu e o inferno, por ter me feito saber o que é gostar de alguém.
Dizem que é sorte você se apaixonar na vida, essa sorte eu tive. Só não foi sorte ter sido por você.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Poesia

Nem tudo rima
Nem tudo pode ser colocado em versos
Nem tudo pode ser separado em sílabas
Nem tudo é poesia

Alguns finais não são felizes
Alguns desfechos não encerram a história
Algumas pessoas não se encontram
Algumas coisas não eram pra ser
Algumas histórias não são feitas pra virarem poesia

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ver

"Vem, abre sua cadeira perto da minha." Foi o que eu disse quando vi você chegando. Sentados assistindo ao pôr-do-sol nem parecia que tínhamos tantas coisas escondidas, tantos esqueletos nos armário, tantas meias palavras.
Por quê? Quando foi que tudo desandou?
Eu lembro de você ser o motivo dos meus poemas de amor, os piores eu ouso dizer. Eles ficaram melhores depois que nós viramos isso. Mas eu não melhorei. Eu não estou curado sabe?
O pior de tudo não é não te ter mais, porque na verdade nunca te tive, não é não poder te abraçar, dizer 'eu te amo' ou mesmo segurar a sua mão enquanto assistíamos ao mesmo pôr-do-sol. O pior pra mim é olhar nos seus olhos e não ver nada. Nem amor. Nem ódio. Nada.

segunda-feira, 4 de abril de 2011


Não fale mais
Leve o que é seu e só

Que o sol já vem
E com ele outro dia

Se descobrir
Vá crescer
Entender e saber
O que quer, quem você quer.
Não me faça mais chorar
Como se eu fosse nada
Cresça
Me deixe em paz
Mesmo que eu sofra mais
Agora tudo é seu
Amanhã serei bem mais feliz
Preciso ser mais forte
Para não voltar atrás
Aliviando o desespero
Para adiar o sofrimento

Vanessa da Mata

quinta-feira, 24 de março de 2011

Faxina

Muito bem
Agora que você foi embora eu vou limpar o que sobrou
Vou arrumar seu lado frio da cama
Vou arrancar seus poemas da parede
Vou pedurar suas flores de cabeça para baixo
Vou cortar o cabelo que você afagou
Vou lavar a pele que você beijou
Vou limpar as lágrimas que você derramou
Ah se eu pudesse
Limpar o coração que você amou

terça-feira, 22 de março de 2011

Cru

a mão que eu te dei

o coração que você ouviu bater

a lágrima que você viu cair

o sorriso que lhe entreguei

foi tudo meu


carne viva

ainda doía quando te mostrei

o sangue estava fresco

você viu

era tudo meu


sem a proteção

sem a casca

você me viu por inteiro

você viu minha alma

você me viu cru

domingo, 20 de março de 2011

Indo

eu vou

pra não voltar

e nós aqui, nesse passo

sem nada concreto

sem nada pra nos apoiar

só com as lembranças

do que poderia ter sido


se um dia talvez

tivéssemos deixado

tudo acontecer

do jeito que deveria ser

mas não foi

não era pra ser


agora eu vou mesmo

um beijo

do que poderia ter sido

seu amor

seu mundo

do que poderia ter sido

nós

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dançando

Só por hoje
Dança comigo
Deixa eu sentir sua mão na minha
Meu passo sincronizado com o seu
Depois de tudo
A dança
Lenta. Fluida.
Diferente de tudo.
De nós.
Calma como nunca antes.
A dança.
Vem, pega na minha mão.
Me gira.
Me guia.
Me leva.
Pra onde você quiser
Pode ir que eu vou atrás.
Sou seu hoje.
Na dança.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um Só

eu sou vários dentro de um
um rindo enquanto o outro chora
um cortando o outro curando
um amando enquanto o outro odeia
acordo todo dia tentando ser um só. um melhor.
um que só observa
um que só fala
um que só abraça
um que só machuca
mas sempre acordo o mesmo
agridoce
o que ri. o que chora
o reflexo no espelho quebrado
vários olhos que olham o mesmo rosto
o mesmo peito que envolve distintos corações
a mesma fumaça cinza que leva dezenas de cheiros coloridos
o mesmo que tenta ser outro
que permanece o mesmo
mas sempre é outro

sábado, 15 de janeiro de 2011

Parasita

eu quero sua alma, sua feiúra, seu talento, seu amor.
eu quero tudo seu, me dá agora.
você é aquilo que eu quero, admiro, almejo.
você é o que eu quero ser
eu sou você
pegue na minha mão. transporte tudo.
deixa eu beber do teu sangue.
deixa eu partir sua alma em duas e pegar metade
deixa eu ser você

vazio. sem alma e sem corpo.
sem você. sou casca.
só.
você enche a concha. você é meu conteúdo.
você me alimenta.
deixa eu pegar.
só não vá embora.
não me deixa aqui
parasita