quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carta de Amor

Foi um dia desses, enquanto conversava com alguns amigos. Todos falavam de paixões tórridas, romances de verão, aventuras amorosas com direito a ramalhete de flores e declarações de pessoas ajoelhadas. Eu apenas olhava.
Eu ficava só escutando os relatos das pessoas apaixonadas, que diziam sentir borboletas na barriga e o cheiro da pessoa amada no travesseiro. Em alguns discursos mais intimistas eu até escutei gente descrevendo o gosto do beijo de seu amor. Eu só escutava.
Porque eu nunca escrevi uma carta de amor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Maria VI

Ah, Maria e suas mãos de jazz. Maria tão linda enquanto dança, rodando aqueles caichinhos ruivos. Dançava muito lindamente essa Maria, batia os joelhos sem perder o compasso do saxofone. Maria tambpem cantarolava baixinho a canção, talvez esse seja o segredo para o seu ritmo. Maria era hábil, dançava sem parar, fazendo arabescos e desenhos com a barra de sua saia. Maria era o que as pessoas chamam de pé-de-valsa. Uma pena.
Porque Maria dançava.
Sozinha.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ela era ela

Ela era única. Ninguém tinha os mesmos cabelos loiros, ninguém dizia as mesmas palavras, ninguém carregava tanto a maquiagem preta nos olhos e ninguém usava roupas iguais as dela. Ela era ela. Nada de rosa, só preto por favor.

Ela bebia vodka pura e odiava cerveja. Seu whisky era doze anos e não tinha nada que pudesse amenizar o ardor do álcool na garganta.

Seus pais também eram únicos, ninguém gritava como eles quando viam a filha chegar às 6 da manhã.

Menina única, sonhos únicos, caminhos vários.