sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Faca

me disseram que amar é entregar uma arma à alguém e esperar que ela não puxe o gatilho.
achando que de algo iria ajudar, troquei a arma por uma faca, e, levianamente, te entreguei, esperando que se algum dia você quisesse puxar o gatilho, não haveria um e eu estaria seguro.
mas na minha inocência não atinei que a faca causa mais dor que a arma, já que esta, quando acionada, é rápida e indolor. já a faca simplesmente machuca, nunca termina o que começa, abrindo cortes doloridos e que demoram a cicatrizar.
na ausência do gatilho, você abriu fundos talhos, que deixou sangrando. algum prazer você deve ter, de olhar o sangue escorrer e saber que ele é seu. de me deixar aqui, ao seu lado, mas nunca completamente. sempre sangrando.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Déjà Vu

eu já senti esse toque, já olhei pra esses olhos. você já me fez as mesmas promessas e já me disse tudo isso. e eu ainda gosto de ouvir. ainda gosto de sentir. ainda quero você perto de mim.
mesmo que me machuque, mesmo que me cure, mesmo que você me queira, mesmo que me odeie, eu sempre vou querer.
os mesmos erros, as mesmas palavras, as mesmas duas pessoas, sempre diferente, mas sempre nós dois.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quebrado

eu gosto das pessoas danificadas. aquelas que você tenta concertar em vão, aquelas que você vê com pena e abraça com carinho.

pessoas danificadas são perigosas, porque elas sabem que podem sobreviver.

e essas pessoas são as que menos precisam de concerto.

são seus defeitos que me encantam, uma superfície lisa não tem espaço para nada novo, e a normalidade em si é o pior defeito de todos.

não há beleza no normal, no corriqueiro.

há beleza nas rachaduras, nos cacos, no pedaços soltos.

eu nunca quis te consertar, eu não vou, porque são dos seus defeitos que eu gosto. são os seus cacos que eu quero guardar.