sexta-feira, 10 de junho de 2011

Anna

Menina do cabelo dourado snetada na praia. O vento bagunça seus cabelos, levanta sua saia. Menina do amor, menina bonita. Uma cachorra na cesta de vime e um homem ao seu lado.
Oh doce Anna, com dois enes, não um, não três. Dois.
Dois enes. Um coração. Bem grande por sinal. Onde cabem mais do que dois enes. Cabem cem amores, um cachorro e algumas palavras.
Palavras bonitas, palavras azedas, palavras estranhas. Palavras sobre Anna.


Feliz aniversário, irmã.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Rumo

Sentado naquela praia a água gelada molhava meus pés. Eu não sabia o que estava fazendo na praia. Eu nunca gostei de praia, nem mesmo quando as temperaturas de verão chegavam ao seu máximo eu fazia como os outros e corria para a beira do mar. Não, eu preferia me esconder em casa, debaixo de um ventilador com um bom livro na mão. Mas ali eu estava perdido. E era sobre essa falta de rumo que ali eu me pus a pensar.
Talvez eu tivesse me guiado inconscientemente até aquele pedaço de areia para pensar, para tentar organizar as idéias, para tentar entrar de novo nos trilhos que há muito eu havia deixado para trás. Aquilo não podia durar mais. Coisas horríveis podem acontecer quando você se perde dentro de você mesmo, quando você perde o controle, quando você se sente impotente ao tentar barrar as lágrimas que insistem em vir mas falha miseravelmente. É perigoso perder-se dentro de si mesmo, precisamos ao menos de uma luz, um fio, uma trilha de migalhas de pão que seja, para nos guiar. Precisamos de algo que nos lembre do que somos, do que passamos, porque são essas as coisas que criam a base para decidirmos aonde vamos.
Por isso ali naquela praia, sem ainda saber o porque de estar em uma praia, comecei a pensar sobre quem eu era, sobre o que tinha me levado até ali e pra onde eu iria depois.
Pensei em todas as pessoas que abracei, as poucas que beijei e as muitas para as quais eu sorri. Lembrei das lágrimas que chorei também, porque quem seríamos nós sem as lutas perdidas. Pequenos fragmentos que me ajudaram a lembrar de quem eu sou.
Entendida essa primeira parte eu me levantei. Porque tive a certeza de que quando se sabe quem você é, onde você está não importa, seja uma praia, um campo, uma cidade. Você terá sempre o seu lugar, você terá sempre a si mesmo. Porque uma vez que você se encontra e se afirma, você sempre terá um lar, um conforto, um lugar para onde voltar.
Mesmo ainda não entendendo muito bem porque estava em uma praia e sem mesmo saber como cheguei ali, eu me coloquei de pé e fui embora, tendo a certeza que qualquer que fosse o lugar para o qual eu estivesse indo, eu sempre teria um lugar para o qual voltar.